domingo, 13 de setembro de 2009

Barrela

BARRELA
Plínio Marcos inaugura na cena teatral brasileira um realismo primitivo, sem concessões às normas teatrais estabelecidas, utilizando como matéria prima de sua criação a vida dos marginalizados da sociedade. Assim, ao escrever textos dramáticos, Plínio Marcos enfatizou a profunda contundência e crueza vocabular peculiar desses personagens reais. Barrela é um dos maiores exemplos da sua sinceridade expressiva e de seu extremo realismo.
A montagem de Barrela que estamos trazendo à luz dos refletores é uma homenagem ao dramaturgo em seus dez anos de falecimento, reconhecimento de sua relevante contribuição à consolidação de um teatro essencialmente brasileiro e comemoração dos cinquenta anos da primeira apresentação da peça, no Festival de Teatro Estudantil, em Santos, em 1959. Propomos, para isso, um resgate à essencialidade do texto criado por Plínio Marcos, numa montagem visceral e de acentuado realismo, em justiça à indignação criativa do dramaturgo frente aos injustos padrões sociais estabelecidos.
Plínio Marcos emergiu no cenário teatral brasileiro num momento em que o Brasil estava mergulhado na repressão da ditadura militar como um arauto de todos os marginalizados expulsos da sociedade pela ordem dominante. Barrela, sua peça teatral de estreia na dramaturgia, mostra uma noite numa cela de prisão, na qual um jovem é encarcerado por motivo torpe junto a detentos condenados por crimes mais contundentes e por eles é violentado, jogando luz sobre o oprimido em face ao poder instituído.
Segundo Antonin Artaud, o teatro foi feito para abrir coletivamente abcessos e este ensinamento define precisamente o que propomos nesta montagem de Barrela. Ou pode ser definida pelo próprio autor, quando ele preconiza que faz teatro para incomodar os que estão sossegados. Não obstante a montagem teatral de diversos textos de Plínio Marcos e algumas transposições para o cinema com o fim da censura, o que desejamos é resgatar para os brasileiros o que há de mais característico e essencial em sua obra, devolvendo-os o olhar do dramaturgo, capturado deles próprios. Merda!
Milton Filho e Marcello Matos em ensaio de Barrela

2 comentários:

  1. Oba! Fabio Rodrigues com novo blog!
    Parabens
    Uma vez blogueiro blogueiro até morrer...
    benvindo à blogosfera!

    ResponderExcluir
  2. MERDA!!!! MERDA SEMPREEEEEEE!!!...
    ... É coisa de doido, e é engraçado, mas tenho a impressão de que já vejo as cenas deste espetáculo montadas. Salve ARTAUD!!! Porque quem pirou, pirou... e aplausos para Plinio...
    Meu carinho pra vc e para o elenco.

    ResponderExcluir